Os mesmos quatro amigos que durante dois anos criaram Entre Quartos decidiram chamar um diretor convidado para gerir aquilo que viria a ser nossa segunda montagem, que teve um processo de cinco meses de criação. Começamos explorando locais de acesso público do DF e, durante essas experimentações foram surgindo temas como: infância, brincadeira, criação de universos temporários, liberdade de expressão, brincadeira enquanto manifesto e revolta.
Formou-se um espetáculo que se relaciona diretamente com o conceito de jogo, flertando a todo momento com a indiscutível certeza que, todos podemos e devemos brincar, não importando idade, raça, gênero, sexo ou classe social.
A partir disso nos encontramos com o conceito de "Normose, a patologia da normalidade", que segundo o pesquisador Jean-Ives Leloup é "um conjunto de hábitos considerados normais pelo consenso social que, na realidade, são patogênicos em graus distintos e nos levam à infelicidade, à doença e à perda de sentido na vida.". A "normose" torna-se epidêmica em períodos históricos de grandes transições culturais - quando o que era normal subitamente passa a parecer absurdo, ou até desumano. Através de uma dramaturgia ficcional situada em 2103, o público é apresentado ao Planeta Terra depois da sua 3ª Guerra Mundial, que depois de 70 anos teve como vencedor o Ditador Haeser II, que passou a governar todo o planeta e, uma vez no poder, proibiu a liberdade de expressão, cerceou as liberdades individuais e iniciou uma perseguição a todos aqueles que não seguissem as regras do novo governo. A sociedade se dividiu em três, aqueles que seguem o ditador, aqueles que foram feitos escravos e alguns poucos que conseguiram fugir. Um dia, um jovem livre presencia a morte de toda a sua família, porém consegue fugir. Ao se deparar com os fatos, o jovem promete restaurar a paz e se vingar do Ditador.
Entre os capítulos da história o espectador é levado a um estado de jogo, onde a principal regra é brincar, e, a partir disso participa de jogos, brincadeiras, desafios, danças, interações, sempre com total liberdade de escolha para participar ou não. O espectador é, desde o início, levado a entender que pode participar desse jogo, e, a partir disso, acabar com sua "normose".

O NOVO ESPETÁCULO (Tudo Está à Venda) é um experimento de teatro altamente interativo, um lugar onde tudo pode acontecer, um convite a dançar e celebrar a alegria de se estar vivo, a alegria da luta diária e da capacidade de transformação que a sociedade possui, mesmo às vezes parecendo que não.
Engraçado pensar que as duas obras que criamos enquanto formação original do Tripé tenham alçado conquistas tão bacanas, e que muito nos ajudam a tentar alçar cada vez mais voos a essas criações. É... teatro de grupo é uma luta constante e hoje já não somos mais o que éramos quando começamos... Caminhos.... Seguimos na crença de que o coletivo nos fortalece, nos ajuda, nos salva, mas também cada vez mais entendidos de nossas individualidades. Seguimos com o desejo, o tesão e a vontade de fazer teatro! Não sabemos como, de que tipo, nem com quem, mas seguiremos fazendo!
